Anaïs Nin

"Não vemos as coisas como elas são, mas como nós somos."

"A única anormalidade é a incapacidade de amar."

"A vida míngua ou se agiganta de acordo com a coragem de cada um."

"O único transformador, o único alquimista que muda tudo em ouro, é o amor. O único antídoto contra a morte, a idade, a vida vulgar, é o amor."

"É monstruoso dizer-se que o artista não serve a humanidade. Ele foi os olhos, os ouvidos, a voz da humanidade. Sempre foi o transcendentalista que passava a raios X os nossos verdadeiros estados de alma."

"A nossa vida em grande parte compõe-se de sonhos. É preciso ligá-los à ação."

"Um homem jamais pode entender o tipo de solidão que uma mulher experimenta. Um homem se deita sobre o útero da mulher apenas para se fortalecer, ele se nutre desta fusão, se ergue e vai ao mundo, a seu trabalho, a sua batalha, sua arte. Ele não é solitário. Ele é ocupado. A memória de nadar no líquido aminótico lhe dá energia, completude. A mulher pode ser ocupada também, mas ela se sente vazia. Sensualidade para ela não é apenas uma onda de prazer em que ela se banhou, uma carga elétrica de prazer no contato com outra. Quando o homem se deita sobre o útero dela, ela é preenchida, cada ato de amor, ter o homem dentro dela, um ato de nascer e renascer, carregar uma criança e carregar um homem. Toda vez que o homem deita em seu útero se renova no desejo de agir, de ser. Mas para uma mulher, o climax não é o nascimento, mas o momento em que o homem descansa dentro dela."

"O amor nunca morre de morte natural. Ele morre porque nós não sabemos como renovar a sua fonte. Morre de cegueira e dos erros e das traições . Morre de doença e das feridas; morre de exaustão, das devastações, da falta de brilho."

"O ponto de vista feminino tem sido muito mais difícil de expressar que o
masculino. Se assim me posso exprimir, o ponto de vista feminino não passa pela
racionalização por que o intelecto do homem faz passar os seus sentimentos. A
mulher pensa emocionalmente; a sua visão baseia-se na intuição. Por exemplo, ela
pode ter um sentimento em relação a qualquer coisa que nem sequer é capaz de
articular.
A princípio, achei extremamente difícil descrever como me sentia. Porém, se
fazemos psicanálise, a questão é sempre: «Como é que se sentiu em relação a
isso?» e não «O que é que pensou?» E como muito frequentemente a mulher não deu
o segundo passo, que é explicar a sua intuição - por que passos lá chegou, o
a-b-c daquilo - ela não consegue ser tão articulada."

"Nunca encontrei uma pessoa oca. Nunca encontrei uma vida sem significado quando
se procura realmente o seu significado. É esse o perigo de dizer que não
procuramos, porque foi assim que chegamos ao ponto em que sentimos que a vida
não tinha qualquer significado. Nós repudiamos tantas formas de terapia.
Quer dizer, tantos de nós repudiam atualmente a filosofia, a religião ou
qualquer outro padrão que nos mantinha coesos anteriormente. Repudiamos tudo. Até repudiamos a terapia da arte. Por isso não nos restou realmente mais que olhar
para dentro, e os que o fazem descobrem que toda a vida tem significado porque a
vida tem significado. Fomos seriamente prejudicados por pessoas que disseram que
a vida era irracional e de qualquer modo não significava nada. Mas assim que
começamos a olhar, descobrimos o padrão e descobrimos a pessoa. Nunca encontrei
aquilo a que se poderia chamar uma pessoa totalmente oca."


"Toda a arte da psicologia ou da ciência da psicologia, se lhe quisermos chamar assim, é baseada numa inversão do processo de objectividade. Não que não possamos tornar-nos objectivos, mas que apenas possamos tornar-nos objectivos depois de termos confrontado as nossas atitudes não objectivas, as nossas atitudes não racionais. Atingir uma objectividade honesta significa termos de saber quais os pontos da nossa natureza que são propensos a determinado preconceito, que parte de nós é defensiva, que parte de nós distorce o que ouvimos. E é necessária uma tremenda auto-honestidade para começar a remover essas distorções e a clarificar a nossa visão. De modo que só podemos atingir a objectividade depois de termos descoberto quais as áreas da nossa psique que não são objectivas.
Além disso, o reconhecimento básico da psicologia é que, lá bem no íntimo, a maior parte da nossa vida é desconhecida da mente consciente e que, quanto mais nos tornamos consciente dela, mais honestos e mais objectivos nos podemos tornar. Nós não vemos os outros com clareza, e o que obscurece a nossa visão são os preconceitos que a pessoa supostamente objectiva se recusa a reconhecer. Uma pessoa objectiva diria que não é responsável pela guerra, mas uma pessoa que sabe psicologia sabe que cada um de nós é responsável porque cada um de nós tem sempre uma área de hostilidade, que depois é projectada para hostilidades colectivas mais vastas." (Anais Nin, em "Fala Uma Mulher" )